quinta-feira, 16 de junho de 2011

A menina e o pássaro encantado - Parte II



Eu deixarei de ser um pássaro encantado e você deixará de me amar.

Assim ele partiu. A menina, sozinha, chorava de tristeza à noite. Imaginando se o pássaro voltaria.
E foi numa destas noites que ela teve uma idéia malvada.

- Se eu o prender numa gaiola, ele nunca mais partirá; será meu para sempre. Nunca mais terei saudades, e ficarei feliz.

Com estes pensamentos comprou uma linda gaiola, própria para um pássaro que se ama muito. E ficou à espera.

Finalmente ele chegou, maravilhoso, com suas novas cores, com estórias diferentes para contar. Cansado da viagem, adormeceu.

Foi então que a menina, cuidadosamente, para que ele não acordasse, o prendeu na gaiola para que ele nunca mais a abandonasse. E adormeceu feliz. Foi acordar de madrugada, com um gemido triste do pássaro.

- Ah! Menina... Que é que você fez? Quebrou-se o encanto. Minhas penas ficarão feias e eu me esquecerei das estórias...

Sem a saudade, o amor irá embora...

A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar. Mas isto não aconteceu.

O tempo ia passando, e o pássaro ia ficando diferente. Caíram suas plumas, os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento triste. E veio o silêncio; deixou de cantar.

Também a menina se entristeceu.

Não, aquele não era o pássaro que ela amava.

E de noite ela chorava pensando naquilo que havia feito ao seu amigo...

Até que não mais agüentou. Abriu a porta da gaiola.

- Pode ir, pássaro, volte quando quiser...


- Obrigado, menina. É, eu tenho que partir. É preciso partir para que a saudade chegue e eu tenha vontade de voltar.

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